CARIMBOHTON é a linguagem rítmica do Carimbó conectada a digitalidade da música eletrônica. É a proposta de leitura de uma tradição amazônica ancestral a partir dos elementos tecnológicos que embalam a modernidade contemporânea.
Carimbohton
Festa do Círio
Os Africanos de Icoaraci
Minha Mãe
Os Africanos de Icoaraci
A Cobra Grande
Grupo Cobra Grande
Cheiro do Cupuaçu
Kuatá de Carimbó
Curupira Bicho Brabo
Os Africanos de Icoaraci
Carimbó Carimbolou
Grupo Cobra Grande
Abrindo a Palheira
Kuatá de Carimbó
Apresentado como resultado da união das influências culturais de indígenas ameríndios, povos africanos e ibero-europeus, o Carimbó é reconhecido como uma das mais significativas formas de expressão da identidade paraense, já que suas referências culturais estão presentes no canto, na música, na dança e nas formas de ser, agir e pensar deste povo. Alguns estudos evidenciam a influência indígena observada na dança em formato de roda, em instrumentos de percussão, como as maracas e os tambores milenares. Também no batuque (síncopes, antifonias e polirritmias), na aceleração do ritmo e no “molejo” da dança, está a contribuição do povo africano. E, por fim, na dança em pares ou mesmo individualmente com gestos, palmas e estalar de dedos, além de certos padrões melódicos, está a influência ibérica (INRC Carimbó - IPHAN, 2013).
Em cada região de ocorrência do Carimbó no estado do Pará encontramos uma forma específica de se tocar – com instrumental e células rítmicas diferentes - de se vestir, de dançar e peculiaridades nas suas letras e composições. Parte destes aspectos estão evidenciados aqui nesta plataforma digital, que pretende tornar público e acessível as sonoridades e imagéticas que representam a cultura carimbozeira contemporânea, aliado à tecnologia e recursos digitais.
É neste sentido que surge o CARIMBOHTON, idealizado pelo DJ Waldo Squash, produtor musical de renome na música brasileira e mundial, sampleando músicas conhecidas e remixando artistas tradicionais paraenses. Ele teve a sacada de criar loops eletrônicos com as células rítmicas dos ritmos regionais e folclóricos como Siriá, Lundu, Banguê e o próprio Carimbó, fazendo um trabalho com batidas eletrônicas para pistas de dança, muito parecido com o surgimento dos ritmos: reggaeton e, mais recentemente, moombahton.
Em paralelo ao trabalho de Waldo, Luan Rodrigues fez uma viagem pelas entranhas da Amazônia continental (Brasil, Colômbia, Peru e Equador) e registrou vídeos em aldeias e localidades indígenas, vivenciando suas festas tradicionais e compondo um acervo incrível, principalmente sobrer os povos originários e caboclos da região. Isto tudo se uniu a produção e performance do duo audiovisual Uaná System.
A pesquisa documental que deu suporte ao CARIMBOHTON, disponível nesta plataforma, foi concebida a partir da parceria do UANÁ SYSTEM com o produtor cultural Marcel Arêde e o pesquisador Pierre Azevedo. Essa equipe foi a campo com um estúdio portátil de gravação e edição de áudio, e equipamentos de vídeo e fotografia, realizando encontros com grupos de Carimbó em seus espaços nativos, onde gravaram suas músicas e performances ao vivo, assim como entrevistas com seus Mestres compositores, que falaram sobre a diversidade existente nas formas de fazer o seu Carimbó tradicional. Estes foram: Mestre Thomaz Cruz e Mestre Ney Lima, d’Os Africanos de Icoaraci, da região metropolitana de Belém; Mestre Chico Malta, do grupo Cobra Grande, e Mestre Hermes Caldeira, do grupo Kuatá de Carimbó, ambos de Alter do Chão, na região Oeste do Pará.
A produção conta também com as contribuições mais que especiais de composições do Mestre Damasceno, ilustre detentor e difusor da cultura marajoara, residente em Soure, na Ilha do Marajó; do grupo Sereia do Mar, primeiro grupo de Carimbó composto primordialmente por mulheres, de Vila Silva, em Marapanim e uma parceria inédita com o artista paraense Jeff Moraes.
A fusão dos elementos rítmicos ancestrais do Carimbó com a produção musical eletrônica, somado a arte visual psicodélica, teve como resultado o CARIMBOHTON, que chega com a proposta de difundir e valorizar as referências culturais desta manifestação cultural paraense, reforçando as ações de salvaguarda do patrimônio carimbozeiro. Atualmente, as culturas populares vêm acessando as mais variadas tecnologias e aperfeiçoando a sua comunicação com o mundo, ao incorporar aos seus universos uma infinidade de elementos que atualizam as suas formas de manifestarem-se, possibilitando também que elas se reinventem e mantenham preservada a sua herança cultural diante da modernidade contemporânea.
Realização
Ampli Criativa
Uaná System
Produção executiva
Viviane Chaves
Marcel Arêde
Pesquisa, produção e texto
Pierre Azevedo
Produção musical
Waldo Squash
Artes visuais
Luan Rodrigues
Produção Audiovisual e Fotografia Still
Pierre Azevedo
Designer
Ygor Matheus
Desenvolvimento
Daniel Santos